Engels e a dialética da natureza
Prof. Natan Oliveira é bacharelando em Física pela Universidade Federal Fluminense (UFF); membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo (NIEP-Marx), do Centro de Formação e do Grupo de Física em Interações Fundamentais (GIFA-UFF). É professor de Física e Educador Popular no Coletivo Direito Popular, que organiza o Pré-Vestibular Social Dr. Luiz Gama na cidade de Niterói. Foi bolsista no Programa de Apoio à Divulgação Científica (PADC) no Museu da Vida na Fiocruz e bolsista de Iniciação Científica no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Desenvolve pesquisas na área de fundamentos da física, física fundamental e teoria de campos, investiga também a relação entre marxismo, filosofia da ciência e cientificidade. Nutre particular interesse por interpretações da mecânica quântica e história das ciências no século XX e também nos temas de filosofia das ciências da natureza, especialmente dialética da natureza, crítica ontológica e realismo científico.
TURMAS ABERTAS
INFORMAÇÕES BÁSICAS
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Aulas às terças e quintas – às 19h00
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6 aulas, início 26 abril 2022
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Carga horária total: 15h.
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Valor 210,90
EMENTA
A Dialética da Natureza, que era originalmente um conjunto de manuscritos, anotações e fragmentos dos estudos de Engels sobre as ciências naturais e a filosofia da natureza do século XIX, tornou-se um livro que ocupou um lugar especial nas controvérsias que constituíram a história do marxismo. Trata-se, a bem da verdade, do clássico “ame ou odeie”: foi considerado referência pelos chamados materialistas dialéticos, enquanto foi desqualificado pelos chamados marxistas ocidentais. Ou seja, por um lado, inspiraria uma série de cientistas naturais – de físicos a biólogos – e filósofos. Por outro, seria rechaçado como sendo um material que conteria ingenuidades filosóficas e uma abordagem científica ultrapassada, marcadas por determinismos, positivismo grosseiro etc. Chegou a ser considerado por alguns, inclusive, como obra detratora da teoria marxista e precursora do stalinismo.
Não obstante, diante do agravamento da crise ambiental promovida pelo desenvolvimento do capitalismo contemporâneo, da necessidade de determinar o significado filosófico das revoluções científicas e tecnológicas das últimas décadas e, portanto, de reestabelecer o nexo íntimo entre a filosofia e as ciências; da importância em considerar a própria função social da ciência em face da sociedade – necessidade que se fez premente diante da crise pandêmica da covid-19 –; além da própria efeméride do bicentenário de Engels; muitos filósofos e cientistas têm retornado às reflexões do projeto engelsiano da dialética da natureza, para uma reavaliação crítica e justa de suas possíveis contribuições a um marxismo ecológico, bem como ao campo da epistemologia crítica e dos debates acerca de uma ontologia dialética da natureza.
Em face de tal contexto, o presente curso procura oferecer um roteiro de leitura do livro póstumo Dialética da natureza de Engels e do projeto de uma dialética da natureza que percorre outros escritos do mesmo autor, como Anti-Dühring e Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã. Com esse objetivo, o curso se organiza em torno de 3 partes, cada uma com 2 aulas.
A primeira parte trata dos contextos de Engels, onde pretende-se tanto oferecer uma contextualização histórica e política do projeto de Engels de uma dialética da natureza e do destino editorial de sua obra póstuma quanto contextualizar a recepção desta obra e dos debates que provocou ao longo do século XX, acompanhando os principais argumentos a favor e contra tal empreendimento filosófico-científico.
Em seguida, na segunda parte, procura-se situar as intervenções de Engels na cultura filosófica e científica de sua época, seja considerando o estado da arte das ciências da natureza e da matemática do século XIX e dos debates que Marx e Engels acompanharam, seja das propostas de uma filosofia especulativa da natureza e das filosofias científicas no contexto germânico à época da elaboração da pesquisa de Engels.
Por fim, a terceira e última parte, visa adentrar o núcleo essencial da proposta engelsiana de defesa da dialética para os debates das ciências e filosofias da natureza, numa fundamentação materialista inspirada em Marx, que envolve um trato crítico com o legado hegeliano. Pretende-se também refletir sobre as proximidades e diferenças entre Marx e Engels a respeito do debate da dialética e apresentar uma avaliação do significado geral do projeto engelsiano de uma dialética da natureza, suas implicações teórico-políticas, levando em consideração suas virtudes e limites.
Enfim, trata-se de um curso que pretende oferecer uma introdução geral ao debate sobre Engels e a dialética da natureza, fornecendo um arsenal crítico e contextualizado das controvérsias de modo que permita pensar a relevância da interação fecunda entre filosofia e ciências naturais desde uma perspectiva do materialismo e da dialética, a fim de ampliar o repertório para encarar os desafios contemporâneos em meio a uma crise capitalista e ecológica. Se a obra de Engels, por si, é insuficiente, talvez nela, se tomada criticamente, haja alguns insights para uma reflexão crítica a ser desenvolvida. Eis, portanto, nosso objetivo: fornecer aos participantes e leitores uma aproximação multidimensional da reflexão de Engels a respeito da dialética da natureza
Parte I - Engels em contexto
Aula 01 - O General no campo de batalha das ideias (26/04)
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O contexto sociopolítico de Engels e as intervenções do Anti-Dühring e do projeto da Dialética da Natureza
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A Dialética da natureza entre a filosofia e a política
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Os planos e projetos para uma dialética da Natureza
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As edições dos manuscritos da Dialética da Natureza
Aula 02 - As aventuras e desventuras da Dialética da Natureza (28/04)
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A recepção da Dialética da Natureza no século XX
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Seria a Dialética da Natureza um grande equívoco? Argumentos anti-Engels
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Engels escreveu certo por linhas tortas? Argumentos pró-Engels
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O retorno de Engels e as questões em aberto acerca da dialética da natureza
Parte II - Entre as ciências naturais e a Naturphilosophie do século XIX
Aula 03 - Engels e as ciências da natureza do século XIX (03/05)
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O estado da arte das ciências da natureza e matemáticas no século XIX
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A relação Engels-Marx e a colaboração no estudo das ciências naturais
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As descobertas decisivas do campo das ciências da natureza: energia, célula e teoria da evolução
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O impacto do darwinismo em Marx e Engels – “a Natureza tem uma história”
Aula 04 – Aproximações à Naturphilosophie do século XIX (05/05)
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Kant e os princípios metafísicos das ciências naturais
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Schelling e o sistema da filosofia da natureza
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A crítica da visão mecanicista da Natureza, a organicidade e a física especulativa
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A Filosofia da Natureza no sistema de Hegel
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As críticas ao “materialismo científico” de Büchner, Vogt e Moleschott e ao neokantismo
Parte III – Engels e a dialética da natureza
Aula 05 – Em torno do materialismo e da dialética (10/05)
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A relação entre a filosofia e as ciências naturais segundo Engels
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Em defesa do materialismo e da dialética contra a metafísica e o idealismo
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O espectro de Hegel na Dialética da Natureza
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A Dialética da Natureza entre a Lógica e as Enciclopédias de Hegel
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O conceito de infinito e contradição – às voltas com a dialética
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Aula 06 – A dialética da natureza em Engels (12/05)
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Os conceitos de dialética em Engels
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Marx, Engels e a questão do movimento elíptico dos planetas
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A concepção materialista e dialética da natureza
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As virtudes e os limites da Dialética da Natureza de Engels – um projeto inacabado
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O significado geral do projeto de uma dialética da natureza
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